Bakhtiniana. Revista de Estudos do Discurso
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<p>Em formato eletrônico, é um periódico bilíngue - português e inglês -, criado em 2008 pelo Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem /LAEL-PUCSP e pelo Grupo de Pesquisa PUC-SP/CNPq Linguagem, Identidade e Memória, com o objetivo de promover e divulgar pesquisas produzidas no campo dos estudos do discurso.</p> <p>Desde 2019, publica quatro números por ano, constituídos sobretudo de artigos inéditos e resenhas redigidos por pesquisadores e/ou professores vinculados a instituições de ensino superior e pesquisa nacionais ou internacionais.</p> <p>Recebe artigos em fluxo contínuo e para números temáticos.</p> <p>A partir de 2023, adotou a publicação contínua: seus textos (apresentações, editoriais, artigos e resenhas) são publicados no SciELO na medida em que são aprovados e revisados, sendo distribuídos nos quatro números anuais do periódico, abertos até o fechamento de sua periodicidade. Encerrando-se a periodicidade do número, todos os artigos também são publicados no Portal de Revistas Eletrônicas da PUC-SP. A opção por essa modalidade de publicação é consoante ao empenho de <em>Bakhtiniana</em>. Revista de Estudos do Discurso em acelerar o processo de comunicação das pesquisas de qualidade e, com isso, contribuir para a sua disponibilidade para leitura e citação.</p> <p>Em sintonia com as atuais e boas práticas de comunicação científica nacionais e internacionais, <em>Bakhtiniana</em>. Revista de Estudos do Discurso, em 2020, iniciou o seu processo de adesão à Ciência Aberta.</p> <p><a href="https://revistas.pucsp.br/index.php/bakhtiniana/about/#apresentacao">sa</a><a href="https://revistas.pucsp.br/index.php/bakhtiniana/about/#apresentacao">iba mais..</a></p>Pontifícia Universidade Católica de São Paulopt-BRBakhtiniana. Revista de Estudos do Discurso2176-4573Os autores concedem à revista todos os direitos autorais referentes aos trabalhos publicados. Os conceitos emitidos em artigos assinados são de absoluta e exclusiva responsabilidade de seus autores.Literatura de ancestralidade negra: encruzilhadas diaspóricas
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<p>Editorial 20.3</p>Elizabeth CardosoFélix Ayoh’Omidire
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2025-08-162025-08-16203As infâncias de Bitita e Juan Francisco Manzano: autobiografia como fabulação crítica na autoria negra
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<p>O artigo busca compreender os efeitos do sistema colonial-escravista nas percepções de infância a partir da análise de duas obras autobiográficas. A primeira apresenta Juan Francisco Manzano narrando suas memórias enquanto menino escravizado na Cuba do início do século XIX, em <em>A autobiografia do poeta escravo</em> (1840). Na segunda, acompanhamos Bitita em <em>Diário de Bitita</em> (1982), de Carolina Maria de Jesus, cuja narrativa visibiliza os caminhos pelos quais o colonialismo foi estruturando a sociedade brasileira no pós-abolição. Ao marcar dois momentos históricos distintos, procuramos vislumbrar os caminhos pelos quais o gênero literário da autobiografia permite a afirmação da autoria negra para além de um único viés denunciativo, acompanhando as negociações possíveis nesse sentido que edificam modos singulares de se fazer literatura. Entendemos então os movimentos de fabulação crítica presentes nas obras como práticas de liberdade e construção de identidade.</p>Diego Carvalho de Oliveira SoaresAmana Rocha Mattos
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2025-08-162025-08-16203Genealogias em espiral em Aline Motta
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<p>Este artigo analisa processos de ativação, performatização e invenção de uma memória ancestral afrodiaspórica no livro <em>A água é uma máquina do tempo</em> (2022) e no vídeo <em>Filha Natural </em>(2019), produções de Aline Motta, multiartista contemporânea brasileira. Nesses trabalhos, a exumação poética das vítimas do Atlântico Negro precede a ancestralização de mortas relegadas ao esquecimento pelo poder colonial e seu aparato racial fundante que tensiona o presente. Investigando os atravessamentos traumáticos da escravidão em sua genealogia, Motta revisita fotografias, diários, certidões, jornais e espólios de escravocratas, alocando suas antepassadas como protagonistas dessas materialidades. Revolve-se o arquivo colonial na transcriação estética de suas textualidades e por meio de um corpo que performa e atualiza saberes ancestrais. Assim, o manejo insubordinado com o hibridismo formal do arquivo inscreve, nas malhas da História e das espirais do tempo ancestral, mulheres negras que partilham um importante legado cultural, afetivo e político. </p>Felippe Nildo Oliveira de LimaGustavo Silveira Ribeiro
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2025-08-162025-08-16203Masculinidades negras em Rei Negro, de Henrique Coelho Neto
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<p>O artigo retoma a análise das masculinidades negras na história da literatura brasileira, especificamente no livro <em>Rei Negro</em>, de Henrique Coelho Neto. Desse modo, acessa o romance histórico como material documental, tratado na perspectiva da Análise do Discurso, pois, ao evocar a personagem central como rei, em oposição ao comumente atribuído aos homens negros, tanto na história quanto na literatura, o romance redimensiona masculinidades negras no Brasil. Os resultados problematizam lugares sociais definidos pela hipersexualidade e desconstrói narrativas que extrapolam a ficção e atingem práticas do cotidiano.</p>Paulo Fernando de Souza CamposMaria Auxiliadora Fontana BaseioSilvio Gabriel Serrano NunesAlexander Willian Eugênio de Souza
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2025-08-162025-08-16203Entre a (in)sanidade e a denúncia racial: aventuras e desventuras narrativas em Diário do hospício & O cemitério dos vivos (1956), de Lima Barreto
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<p>O presente estudo, resultado de uma pesquisa doutoral, focaliza a obra autobiográfica de Lima Barreto, <em>Diário do hospício & O cemitério dos vivos </em>(1956), analisando as narrativas ali presentes que abordam a articulação entre saúde mental e racismo no Brasil do início do século XX. Lima Barreto, um dos primeiros escritores negros a descrever a realidade de um manicômio brasileiro, enquanto paciente, oferece uma análise crítica da própria vida no Brasil daquela época; e o autor destaca a presença de um sistema opressor que se manifesta no suposto “cuidado” direcionado às pessoas consideradas “alienadas” ou “loucas” — sistema este, em verdade, particularmente mais humilhante quando direcionado a pessoas negras e não-brancas, em geral. Ao fazê-lo, este estudo não propõe, outrossim, conclusões definitivas sobre o pensamento barretiano, mas destaca os espaços ocupados pelo pensamento psicológico e psiquiátrico na sociedade brasileira daquele período, conforme retratado nas narrativas da obra selecionada de Lima Barreto.</p>Renan Vieira de Santana Rocha
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2025-08-162025-08-16203A encruzilhada mítica-ancestral em Changó, el gran putas, de Manuel Zapata Olivella
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<p>O médico, antropólogo e escritor afro-colombiano Manuel Zapata Olivella (1920-2004) em seu livro <em>Changó, el gran putas</em> (1983), cria ficcionalmente a epopeia da vinda dos africanos para as Américas e elabora um minucioso resgate histórico das lutas e reivindicações dos afro-latino-americanos por mais de quatro séculos. Isso posto, neste artigo partiremos dos conceitos de Encruzilhada (Martins, 2003; Rufino, 2019), Pedagogia da <em>Cimarronaje </em>(Mendes, 2019) e<em> Afrorealismo </em>(Duncan, 2005) para compreender, a partir de paradigmas centrados na experiência negro-africana, a literatura latino-americana, especificamente, a de autoria afrodescendente, bem como outras representações a respeito do sujeito e aportes epistemológicos negros, comumente estereotipados e marginalizados nas construções literárias e intelectuais.</p>Lucy Miranda do Nascimento
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2025-08-162025-08-16203Anunciação de uma epistemologia decolonial: Zambiapunga como um movimento cultural de resistência
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<p>O presente artigo teórico é parte de uma tese em andamento, e visa responder a seguinte inquietação: como utilizar os múltiplos saberes que estão circunscritos na manifestação cultural do Zambiapunga em prol de uma reformulação do modelo hegemônico que está presente, ainda, nos processos de ensino e aprendizagem? Com isso, tem-se como objetivo refletir o Zambiapunga como instrumento cultural a serviço de uma Educação Decolonial em sala de aula. Trata-se de uma investigação qualitativa, bibliográfica, a qual aponta o Zambiapunga como candidato a materializar uma alternativa de referência cultural a serviço de uma educação multirreferenciada, que inspire um currículo referencialmente multicultural. Como resultado, verificou-se que existem vastas possibilidades de utilização desse grupo afrodiaspórico a serviço de uma Educação Decolonial, sobretudo, por meio de diferentes racionalidades, memórias, musicalidades, identidades, memórias, línguas, histórias, valores e costumes que foram invisibilizadas no contexto da colonialidade.</p>José Lucas Matias de EçaZulma Elizabete de Freitas Madruga
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2025-08-162025-08-16203O outro é o meu avesso: autoidentidade, vozes narrativas e a filosofia do ato responsável no romance O avesso da pele, de Jeferson Tenório
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<p>Este artigo busca empreender uma análise da obra <em>O avesso da pele</em>, de Jeferson Tenório, a fim de verificar de que modo a temática do racismo é elaborada na e pela linguagem visando impactar o leitor. Para tanto, mobiliza-se o conceito bakhtiniano de heterodiscurso com o objetivo de refletir sobre o artifício da narração em segunda pessoa. Em paralelo, procura-se pensar sobre questões como autoidentidade e subjetividades, como processos pelos quais passam os sujeitos e as personagens em suas jornadas de autoconhecimento. Por fim, visando expandir a análise, a reflexão ampara-se no conceito de ato responsável, de Bakhtin, buscando refletir sobre as relações dialógicas da narrativa e das personagens com outras obras literárias e com a música brasileira de autoria negra.</p>Cristiane Corsini LourençãoVinícius Rangel Bertho da SilvaRodrigo dos Santos Sbardelini
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2025-08-162025-08-16203O retorno de Tatiana, uma história sobre a maternidade negra
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<p>O objetivo desta pesquisa é analisar de que modo está representada a maternidade da mulher negra no conto <em>O retorno de Tatiana</em>, de Miriam Alves, considerando a referência às matrizes afro-diaspóricas e de como estas trazem a ancestralidade nesta narrativa. A discussão está comprometida com teorias e conceitos próprios da literatura afro-brasileira contemporânea na intersecção com paradigmas teóricos oriundos do pensamento feminista negro. Ao engendrar um meio de liberdade e de transcendência, Miriam Alves suscita a reflexão sobre a interdição da maternidade de mulheres negras até os modos como estas podem exercer a maternidade por meio da matrifocalidade e da maternidade por extensão, também pensando a religiosidade de matriz afrodescendente como local de cura para o <em>útero-matriz</em> da personagem principal. O conto pode ser instituído como <em>assentamento de resistência</em>, sendo a força ancestral manifestada no modo de viver, de sentir e de escrever.</p>Luciana Lis de Souza e Santos
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2025-08-162025-08-16203Mulheres quilombolas contemporâneas: a matrigestão e a ancestralidade em uma comunidade quilombola da região sul do Brasil
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<p>Este artigo nasce do acompanhamento das narrativas das experiências de mulheres negras quilombolas de uma comunidade remanescente de quilombos do sul do Rio Grande do Sul. O objetivo deste estudo é reconhecer a trajetória das mulheres quilombolas da comunidade São Manoel/Dona Geraldina, mostrando como a força dessas mulheres possibilitou que seus filhos/as e netos/as tivessem outras oportunidades de vida. A produção de dados contou com a realização de entrevistas narrativas e rodas de conversas com as mulheres da comunidade, sendo que as análises e discussões estiveram ancoradas nas teorias do Mulherismo Africano e Matrigestão. Como um dos desdobramentos desse estudo surge a psicoQUILOMBOlogia, um modo de fazer saúde partindo dos saberes e conhecimentos africanos e quilombolas, construído por um grupo de estudantes quilombolas no curso de Psicologia. Destacam-se os caminhos que a psicologia ainda tem a percorrer ao se deparar com (re)existências negro-quilombolas, principalmente no reconhecimento de suas contribuições para formação em psicologia e a formação de identidades das mulheres negras e quilombolas.</p>Bruna Rosa FariasRita de Cassia Maciazeki-GomesCassiane de Freitas Paixão
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2025-08-162025-08-16203(Po)éticas sociais e subjetivas afro-brasileiras: ensinamentos dos povos negros e indígenas
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<p>Este estudo investiga os ensinamentos pedagógicos e sociológicos presentes nos mitos dos orixás e nas perspectivas de alguns pensadores indígenas. A partir de um referencial decolonial e contracolonial, busca-se questionar e incentivar a criação de caminhos para romper com a colonialidade, promovendo a invenção de novas formas de se pensar a sociedade e sua organização sociopolítica. O estudo propõe abandonar perspectivas brancas-coloniais e explorar as (po)éticas sociais e subjetivas das culturas negras e indígenas para repensar a coletividade, a relação humano-natureza, a transgressão e a ordem, a manutenção social, o duplo e outras perspectivas de gênero.</p>Jean Vitor Alves FontesBeatriz Akemi Takeiti
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2025-08-162025-08-16203Da amefricanidade nos discursos literários negros: perspectivas cartográficas em torno dos tecnodiscursos sobre Lélia Gonzalez e Carolina Maria de Jesus
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<p>Este artigo investiga as potencialidades do pensamento de Lélia Gonzalez para os estudos das múltiplas expressões discursivas de/sobre pessoas negras no Brasil. Para isso, empregamos duas estratégias de análise divididas em duas partes. Inicialmente, cartografamos os conceitos-chave de Gonzalez que manifestam suas reflexões teóricas seminais sobre cultura, gênero e linguagem, argumentando que suas teorizações sobre amefricanidade, feminismo afro-latino-americano e pretuguês compõem um arquivo conceitual para as análises de (con)textos negros. Em seguida, examinamos a produção tecnodiscursiva relacionada a Carolina Maria de Jesus e González, explorando como essas escritoras e suas trajetórias são nomeadas, narradas e lembradas em diferentes plataformas digitais. A metodologia envolve produção de <em>corpus</em> de pesquisa com enunciados sobre as autoras em vários idiomas e a análise quantitativa e qualitativa dos temas presentes nos <em>tweets</em>. Assim, recuperamos os sentidos histórico-sociais, vozes e contrapúblicos que emergem em torno delas, ampliando a compreensão das experiências contemporâneas de pessoas negras.</p>Felipe Fanuel Xavier RodriguesAlejandra Judith Josiowicz
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2025-08-162025-08-16203A denúncia dos aparelhos ideológicos coloniais através dos enunciados afrofuturistas em O último ancestral, de Ale Santos
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<p>Este artigo estuda como os enunciados afrofuturistas presentes na obra <em>O último ancestral, </em>de Ale Santos, denunciam os aparelhos ideológicos coloniais presentes em nossa contemporaneidade. O afrofuturismo é visto como um espaço de resistência, especulação e reinvenção, permitindo a sujeitos afrodiaspóricos reivindicar sua humanidade e projetar futuros alternativos inclusivos. Selecionamos como arcabouço teórico-metodológico a Análise do Discurso, de tendência francesa, para examinar a memória discursiva e os aparelhos ideológicos coloniais. Ainda, a psicanálise lacaniana, que nos ajuda a entender a ressignificação do Real, a partir de alternativas do Simbólico e do Imaginário direcionadas pelos enunciados afrofuturistas. Por fim, os estudos de Deleuze e Guattari que contribuem para a análise do papel do coenunciador na negociação dos efeitos de sentidos, enfatizando a importância dos agenciamentos enunciativos e das linhas de fuga. Este estudo evidencia a capacidade do afrofuturismo de questionar narrativas dominantes e fomentar identidades e existências que transcendem o colonialismo.</p>Ricardo Celestino
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2025-08-162025-08-16203Processos de resistência e emancipação do leitor-espectador-ouvinte no combate ao racismo estrutural: a escrevivência de Conceição Evaristo em ato
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<p>Este estudo<a href="https://revistas.pucsp.br/index.php/bakhtiniana/workflow/index/66711/4/#_ftn1" name="_ftnref1">[1]</a> examina os processos de resistência e emancipação presentes nas obras da escritora brasileira Conceição Evaristo, especificamente em seu conceito de escrevivência, e como as leituras de sua obra podem ser importantes para o enfrentamento ao racismo estrutural. A pesquisa parte da premissa de que a literatura pode ser uma ferramenta poderosa na luta contra o racismo e na promoção da igualdade racial, e o leitor-espectador-ouvinte tem um papel fundamental neste combate. Por meio de uma abordagem interdisciplinar que combina estudos literários, sociologia e teoria crítica racial, analisamos como a escrevivência de Evaristo convida este leitor-espectador-ouvinte para uma possível emancipação. Nossa análise mostra que a escrevivência de Evaristo permite que os leitores, espectadores e ouvintes negros se vejam representados de maneira autêntica e valorizada em sua literatura afrodiaspórica.</p> <p> </p> <p><a href="https://revistas.pucsp.br/index.php/bakhtiniana/workflow/index/66711/4/#_ftnref1" name="_ftn1">[1]</a> O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.</p>Adrielly da Silva GomesAndré Luís de AraújoMaria de Fátima Vilar de Melo
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2025-08-162025-08-16203Dois universos femininos e os limiares das ancestralidades em Conceição Evaristo e Ana Paula Tavares
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<p>Este artigo surge como desdobramento de uma pesquisa de mestrado defendida na Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Tem como objetivo apresentar algumas das personagens femininas das obras <em>Olhos d’água</em>, de Conceição Evaristo (2016), e <em>Um rio preso nas mãos</em>, de Ana Paula Tavares (2019), bem como evidenciar de que maneira a ancestralidade, enquanto operador filosófico de leitura, coloca as duas obras em diálogo. Este percurso de observação demonstra a confluência de uma agência autoral que se debruça sobre o trabalho de elaborar nuances performativas na criação de personagens femininas. Evidencia contextos socioculturais distintos com foco em categorias como gênero, raça, classe e contexto geopolítico, que dialogam ao fazer uso de elementos de ancestralidades para realçar posições divergentes de normas culturais impostas hegemonicamente.</p>Lethicia Ramos BernardinoRenata Beatriz Brandespin Rolon
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2025-08-162025-08-16203 Infâncias negras na literatura de Conceição Evaristo: memória, ancestralidade e desabrigo
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<p>A literatura de Conceição Evaristo nos convoca à observação e escuta de múltiplas perspectivas, de uma comunhão de vozes de crianças, anciões, negros e mulheres. Com amparo em contribuições dos estudos sociais da infância, do campo de estudos intitulado “Infâncias de Gorée”, e do pensamento de filósofos e pesquisadores pós-coloniais e decoloniais, busca-se percorrer as “escrevivências” da autora atentando-se às experiências e imaginários sobre infâncias negras. Neste percurso, são evidenciadas formas particulares de se relacionar com noções como temporalidade, memória, agência e desabrigo.</p>Michel Mingote Ferreira de AzaraSilmara Lídia Marton Renata Lopes Costa Prado
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2025-08-162025-08-16203Considerações a respeito de elementos constituintes de uma escrevivência
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<p>O conceito de Escrevivência foi utilizado pela primeira vez em 1996 por Conceição Evaristo. A partir de então, nota-se um esforço de sistematização do conceito tanto por parte de Evaristo, como por outras pessoas pesquisadoras. No presente artigo, juntamo-nos a essas pessoas, buscando verificar algumas das características essenciais em produções culturais escreviventes. Para tanto, partimos de reflexões de Conceição Evaristo e as relacionamos com ideias de outras pessoas negras, como bell hooks e Grada Kilomba. Também nos valemos do ferramental analítico da Semiótica discursiva para embasar reflexões e breves análises de textos como o cordel “Maria Felipa”, de autoria de Jarid Arraes<em>.</em> Nossas investigações nos permitiram apontar a autoria negra, a (re)criação por meio da ficção, a ocupação do papel de sujeito por parte das personagens negras, o ponto de vista interno e o alinhamento ideológico como elementos essenciais ou recorrentes em Escrevivências.</p>Eduardo Prachedes Queiroz
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2025-08-162025-08-16203Histórias do meu povo. Reflexões sobre pedagogias decoloniais na escrevivência de Esmeraldina dos Santos – AP
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<p>Neste artigo discutimos a obra de Esmeraldina dos Santos, mulher, negra, quilombola, amapaense, residente no quilombo do Curiaú, Macapá-Amapá. Apesar de ter estudado apenas até “6ª série do 1º grau”, à época, Esmeraldina escreveu o livro <em>Histórias do meu povo</em>, em que reúne memórias de sua comunidade que narram elementos de luta e resistência da população negra amapaense. Caracterizamos a obra como uma escrevivência – narrativa literária construída por mulheres negras, a partir das suas coletividades e ancestralidades. Debatemos como determinados elementos presentes na obra, como as denúncias do racismo vivido por ela e sua comunidade, da devastação ambiental promovida pela acumulação capitalista no território, de estereótipos de gênero contra mulheres negras, podem ajudar na construção de pedagogias decoloniais, modelos pedagógicos que colaborem com a superação da colonialidade em nosso tempo, mostrando a interface entre literatura e educação.</p>Miquelly Tito SanchesAlbert Alan de Sousa Cordeiro
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2025-08-162025-08-16203O dilema racial nas grafias biográficas sobre Machado de Assis
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<p>Entre os anos 1908 e 1939, as leituras realizadas por diversos escritores e críticos sobre a vida de Machado de Assis revelavam um escritor avesso às questões raciais de seu tempo. Elas o acusavam de seu distanciamento dos temas sensíveis à época, tais como o Abolicionismo e a implantação da República. Os discursos de intelectuais e cientistas, motivados pelo espírito cientificista-racista no Brasil do século XIX, também influenciaram no apagamento da afrodescendência de Machado, que foi considerado branco em seu atestado de óbito. Somente no decorrer da década de 1930, a partir do bem-sucedido estudo crítico-biográfico de Lúcia Miguel Pereira (1988), começou-se a reivindicar a identidade negra do escritor. Isso posto, por meio dos estudos antropológicos, sociológicos e crítico-ensaísticos, situaremos os modos pelos quais o racismo científico, concomitantemente com fim da escravidão e com novo projeto político, influenciaram a consolidação de leituras brancas sobre a memória de Machado.</p>Paulo Alberto da Silva Sales
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2025-08-162025-08-16203Akunna: a narrativa do sujeito deslocado no conto “No seu pescoço”, de Chimamanda Ngozi Adichie
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<p>O presente artigo aborda questões relacionadas à experiência da diáspora, a situação da mulher negra imigrante afetada pela experiência de deslocamento geográfico, sob a perspectiva da literatura nigeriana de autoria feminina. Tem-se como objeto de estudo o conto “No seu pescoço”, integrante da coletânea de contos homônima, da autora Chimamanda Ngozi Adichie. O estudo objetiva discutir as problemáticas enfrentadas pela mulher negra em trânsito entre o continente africano e os Estados Unidos, bem como os conflitos no processo de construção identitária que circundam sua vivência em sociedades que a oprimem e a silenciam. A investigação norteia-se pela abordagem pós-colonialista, e problematiza-se o racismo cotidiano e genderizado a partir das representações construídas sobre a África e seus habitantes. A leitura analítica do objeto de estudo sinaliza que o conto “No seu pescoço” se afigura um tratado contra a vitimização da África e da mulher nigeriana.</p>Edna Sousa CruzLarissa Sá MotaMilene Oliveira Assunção
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2025-08-162025-08-16203Tempo e ancestralidade em Edimilson de Almeida Pereira
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<p>Pretendemos aqui discutir as noções de tempo e ancestralidade na escrita do poeta e crítico Edimilson de Almeida Pereira. Um ensaísta e pensador negro que tem nos permitido, a partir de sua literatura-encruzilhada, tensionar e rasurar não somente a crítica hegemônica, bem como o discurso autorizado da supremacia branca, canônica. Sua crítica-poética tem nos possibilitado, a partir de um olhar diaspórico, repensar novos rumos para a crítica e ampliar as lentes acerca da ancestralidade. Para esse movimento, focaremos em suas obras <em>O ausente </em>(2020<em>)</em> e <em>Orfe(x)u e Exunouveau: análise de uma estética de base afrodiaspórica na literatura brasileira</em> (2022); como <em>corpus</em> teórico-epistemológico daremos enfoque à concepção de tempo e ancestralidade, tal como foi problematizada pela nossa ancestral Leda Martins (2021), a partir do ponto de vista espiralar, Eduardo Oliveira (2023) em seu regime estético-ancestral, bem como a “literatura- terreiro” forjada por Henrique Freitas (2016) e desdobrada nas encruzilhadas teóricas e epistemológicas de pensadores como Muniz Sodré (2017) e Luiz Rufino (2019) que nos tem feito problematizar e expandir a crítica a partir da diáspora afro-brasileira oriunda dos terreiros. </p> <p> </p>Paulo Petronilio CorreiaAdelaide de Paula Santos
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2025-08-162025-08-16203Religiosidade versus ecocrítica em Senhores do orvalho, de Jacques Roumain
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<p>O vodu, religião que teve origem na África ocidental, misturado com o catolicismo no Haiti, permeia a narrativa <em>Senhores do orvalho</em> (2022)<em>,</em> de Jacques Roumain. O Immanuel, que dá origem a Emanuel ou Manuel e em hebraico significa “Deus está conosco”, é o protagonista e vem como um “Messias” para conscientizar seu povo de que nem tudo depende da religiosidade. Respeita os credos exaltados pelo seu povo, mas alerta para a responsabilidade de cada um com a mesma natureza de cujas entidades fazem parte. Personagem, vítima da diáspora, pois ficou 15 anos em Cuba, volta para o seu país trazendo as experiências adquiridas e promovendo um sopro de esperança e continuidade para sua gente. A nova cosmovisão da personagem propicia o desdobramento da narrativa, provocando o embate entre os pressupostos de uma religião pagã, imbricada pelos pressupostos do cristianismo, e tendo como desencadeador do conflito na trama, o meio ambiente. Este trabalho pretende demonstrar na narrativa o embate entre os pressupostos da religiosidade e o conceito de ecocrítica.</p>Silvania Núbia Chagas
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2025-08-162025-08-16203Os Quiocos na obra de Anajá Caetano: Práticas africanas no romance Negra Efigênia
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<p class="ABNT-Corpodetextoartigo" style="text-indent: 0cm; line-height: normal;">Este artigo visa analisar as práticas ritualísticas descritas na obra <em>Negra Efigênia: </em>paixão do senhor branco (1966), de Anajá Caetano, que têm relação com a etnia dos Quiocos. O romance é uma importante contribuição literária que revela aspectos socioculturais tanto da época em que foi lançado quanto do período retratado, o escravocrata. Apesar disso, tanto a obra quanto a autora foram pouco estudados até o momento. Há, no romance, diversas referências religiosas e culturais aos Quiocos, grupo étnico de origem africana. Busco comparar como essas práticas aparecem na obra e como se assemelham ou se diferenciam dos costumes desse povo.</p>Vitória Carvalho
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2025-08-162025-08-16203 Acontecimento e singularidade: As mulheres de Tijucopapo, o romance histórico contemporâneo da diáspora negra
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<p>Meu objetivo é analisar o romance <em>As mulheres de Tijucopapo</em>, de Marilene Felinto, publicado originalmente em 1982, tomando-o como marco do romance histórico contemporâneo negro no Brasil. Narrado desde dentro da diáspora, diáspora endógena e a contrapelo, de São Paulo para o Tijuco, numa referência implícita à batalha de Tijucopapo ocorrida em Pernambuco em 24 de abril de 1646, a vocalidade da narradora, Rísia, é uma fragmentária exposição crítica sobre as identidades que criam “fronteiras de exclusão” (Hall), construindo uma concepção de tempo em devir que faculta aberturas a novos territórios existenciais e problematiza as bases do próprio romance histórico “clássico”, eurocêntrico e historicista. Para lê-lo, uso os conceitos de “tempo curvo” e “espiralar” de Leda Maria Martins e de “anacronismo” de Georges Didi-Huberman, articulando-os aos de “acontecimento” e “singularidade” de Gilles Deleuze.</p>Luciano Barbosa Justino
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2025-08-162025-08-16203O coração nagô e a sua reinvenção: orikis hoje no Brasil
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<p>Este artigo lê um texto presente no livro <em>O poço das marianas</em>, de Eliane Marques, como sendo um oriki. Em iorubá, <em>orí </em>é cabeça e <em>kì</em> é saudação. <em>Oríkì</em> é um texto que faz uma saudação à cabeça. Pode ser escrito para qualquer ser: pessoas, animais, orixás, até para cidades. Para conseguir escutá-lo, entendo que preciso começar a pensar como os nagô. Faço uma entrada nesse modo de perceber o mundo a partir de alguns teóricos como Muniz Sodré e Leda Maria Martins. Com eles e outros, noto a importância do corpo em percepções de mundo africana e entendo que ele é fundamental na leitura ou escuta do oriki, que pode ser feita como se fosse um ritual. Ao fazê-lo, encontro um coração nagô que se mistura ao coração de quem escreve para se reinventar na literatura. Relaciono essa recriação com o modo de escrita <em>Exunouveau</em>, termo cunhado por Edimilson de Almeida Pereira. </p>Julia Almeida Alquéres
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