ETNOGRAFIA EDUCACIONAL E ANÁLISE DE DISCURSO: UMA BRICOLAGEM METODOLÓGICA PARA PESQUISAR CURRÍCULOS

Resumo

A etnografia educacional quando usada junto com a análise do discurso em pesquisas pós-críticas e pós-estruturalistas do currículo tem sido colocada sob rasura. Isso porque é preciso fazer escolhas cuidadosas, arranjos arriscados e recortes precisos para não fazermos junções teórico-metodológicas indefensáveis. Tendo em vista que tanto a etnografia como a análise de discurso apresentam procedimentos úteis e produtivos para a “produção de informações” e para as análises nas pesquisas curriculares que não desejamos descartar, este artigo tem como objetivo mostrar as potencialidades e os riscos da bricolagem feita com a análise de discurso de inspiração foucaultiana e a etnografia pós-moderna para investigar um currículo. Aqui discutiremos essas potencialidades e os riscos mostrando o que foi feito em uma pesquisa que investigou o currículo de uma turma de primeiro ano do ensino fundamental.  O argumento desenvolvido é o de que há procedimentos, posturas e práticas que permitem uma aproximação entre essas metodologias, ainda que, para isso, seja preciso realizar seleções e recortes e estar sempre atento/a a possíveis incongruências entre eles. Para isso, este artigo inicialmente sintetiza semelhanças e diferenças entre a etnografia e a análise de discurso. Em seguida, mostra o uso que foi feito na pesquisa realizada da descrição densa, proposta pela etnografia, e da descrição minuciosa, realizada pela análise de discurso. Por fim, discutimos a importância do “perspectivismo” e do “estranhamento de si mesmo” para realizar a bricolagem metodológica feita na investigação que dá base para este artigo.