O Cemitério das Almas Perdidas

Como uma imagem de horror reconta a história e redescobre o Brasil

Autores

  • Giancarlo Couto Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
  • Cristiane Freitas Gutfreind Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Palavras-chave:

O Cemitério das Almas Perdidas, Desmontar a Imagem, Cinema de Horror, A Primeira Missa, História da Arte

Resumo

Neste texto discutimos uma passagem do filme O cemitério das almas perdidas (2020), de Rodrigo Aragão, como uma imagem de horror que pode desmontar a história (DIDI-HUBERMAN, 2015) e redescobrir a ideia de nação com base cinema de horror brasileiro contemporâneo. Para isto, partimos da noção de imagem dialética benjaminiana proposta por Didi-Huberman (2015) contrapondo o trecho do filme de Aragão com outras imagens que retratam o mesmo momento histórico em diferentes períodos, como: A primeira missa no Brasil (1859-1861), de Victor Meirelles, O descobrimento do Brasil (1937), de Humberto Mauro, e Terra em transe (1967), de Glauber Rocha. Notamos reincidências e rupturas nos modos estéticos de tratar o mesmo tema, priorizando ora o naturalismo, ora a alegoria. Nesta perspectiva, o filme de Aragão se estabelece
como uma nova chave de leitura para este momento histórico, privilegiando o horror e o conflito para pensar a história do país e o contexto atual.

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Biografia do Autor

Giancarlo Couto, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Doutorando em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS, na linha de pesquisa Cultura e Tecnologias das imagens e dos imaginários. Mestre na mesma área e Programa, com bolsa CAPES/PROSUC. Graduado em Jornalismo pela Universidade Feevale (2016), com o Trabalho de Conclusão de Curso na área do Cinema e Análise de Discurso. Graduado em Filosofia (Licenciatura), pela Universidade Federal de Pelotas - UFPEL. Desde 2018 desenvolve pesquisas na área do Cinema de Horror, priorizando seus cruzamentos com os campos da Ética, Estética e Política. 

Cristiane Freitas Gutfreind, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Possui graduação em Sociologia e Política pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1994), mestrado em Cultures et Comportements Sociaux – Université de Paris 5 (René Descartes, Sorbonne -1996) e doutorado em Sociologie – Université de Paris 5 (René Descartes, Sorbonne – 2001). Atualmente é professora titular da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e coordenadora do PPGCom. É líder o grupo de pesquisa Cinema e Audiovisual: comunicação, estética
e política (Kinepoliticom) e participa de outros grupos de pesquisa de áreas afins no CNPq.

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Publicado

2022-12-28

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