A mulher com corpo de rio e nome de canoa: a simbologia da água em O outro pé da sereia, de Mia Couto

Autores

  • Geovanna Dayse Bezerra Silva Universidade Federal da Paraíba.
  • Vanessa Riambau Pinheiro Universidade Federal da Paraíba. http://orcid.org/0000-0003-3137-2328

DOI:

https://doi.org/10.23925/2236-9937.2020v21p282-301

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo analisar o romance O outro pé da sereia, de Mia Couto, a partir da personagem Mwadia Malunga, protagonista de uma das narrativas paralelas apresentadas no enredo, a do ano 2002. Tomamos como recorte desse estudo essa personagem para evidenciar as formas simbólicas associadas ao elemento água predominantes na narrativa. Utilizamos, para o embasamento teórico, os postulados de Eliade (1991, 1992, 2010, 2011), Bachelard (1994, 1997, 2009, 2019), Chevalier e Gheerbrant (2016) e Jung (2011), bem como as explanações críticas de Leite (2012) e Fonseca e Cury (2008). Verificamos, no decorrer da análise, que Mwadia Malunga apresenta, em sua trajetória, um comportamento que se assemelha a forma simbólica do rio. O desenvolvimento da protagonista se dá por meio de viagens, reais ou fictícias, utilizando como veículo uma canoa pelas correntes de água do rio que cerceia o lugar onde mora. Evidenciamos em nosso estudo essa característica inerente à história da personagem e demonstramos, por meio da rede simbólica que o elemento água forma, que Mwadia, enquanto canoa, é o veículo que transita pela via interna de sua própria história, e pela via externa da história de seu povo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Metrics

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Geovanna Dayse Bezerra Silva, Universidade Federal da Paraíba.

Mestra em Estudos Literários pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal da Paraíba.

Vanessa Riambau Pinheiro, Universidade Federal da Paraíba.

Pós-doutora em Estudos Africanos pela Universidade de Lisboa. Professora Adjunta de Literatura da Universidade Federal da Paraíba. Coordenadora do Grupo de Pesquisa GeÁfricas e autora de diversos livros de crítica literária.

Referências

BACHELARD, Gaston. A água e os sonhos: ensaio sobre a imaginação da matéria. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

________________. A psicanálise do fogo. São Paulo: Martins Fontes, 1994.

________________. A poética do espaço. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1ohu-3gLS5fk05eDap_ZbHzdpyuw7AqLo/view. Acesso em: 13/01/2019.

________________. A poética do devaneio. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009.

CHEVALIER, Jean; GHEERBRANT, Alain. Dicionário de símbolos. Rio de Janeiro: José Olympio, 2016.

COUTO, Mia. O outro pé da sereia. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

DURAND, Gilbert. A imaginação simbólica. Lisboa: Edições 70, 1993.

ELIADE, Mircea. Imagens e símbolos: ensaio sobre o simbolismo mágico-religioso. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

_______. Tratado de história das religiões. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.

_______. Mito do eterno retorno. São Paulo: Mercuryo, 1992.

_______. Mito e realidade. São Paulo: Perspectiva, 2011.

FONSECA, Maria Nazareth Soares. Literaturas africanas de língua portuguesa: percursos da memória e outros trânsitos. Belo Horizonte: Veredas & Cenários, 2008.

FONSECA, Maria Nazareth Soares; CURY, Maria Zilda Ferreira. Mia Couto: espaços ficcionais. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2008.

FRYE, Northrop. Anatomia da crítica. São Paulo: É Realizações Editora, 2014.

JUNG, Carl Gustav. Símbolos da transformação: análise dos prelúdios de uma esquizofrenia. Petrópolis: Vozes, 2011.

Downloads

Publicado

2020-10-10

Como Citar

Bezerra Silva, G. D., & Riambau Pinheiro, V. (2020). A mulher com corpo de rio e nome de canoa: a simbologia da água em O outro pé da sereia, de Mia Couto. TEOLITERARIA - Revista De Literaturas E Teologias, 10(21), 282–301. https://doi.org/10.23925/2236-9937.2020v21p282-301

Edição

Seção

Dossiê: Invisível e Indizível