A identidade cristã-nova

Apontamentos para uma tipologia crítica

Auteurs

DOI :

https://doi.org/10.23925/2176-2767.2024v80p80-107

Mots-clés :

Cristãos novos, identidade, Inquisição, marranismo, homens de negócios

Résumé

Este artigo tem como objetivo discutir a identidade cristã nova entre os séculos XV e XVIII. Explicitamos alguns dos principais elementos dessa identidade e como ela se forjou pelas condições sociais assumida pelo problema dos conversos na Península Ibérica. Essa identidade viva, ativa e em constante transformação era sentida por esses próprios sujeitos históricos, e constantemente reforçada pela Inquisição e pela aplicação dos estatutos de “limpeza de sangue”. Ela se traduzia em ações cotidianas, nas estratégias de negócios e no posicionamento político dos cristãos novos. Nascido na Baixa Idade Média Ibérica, o cristão novo tornou-se referência de modernidade, seja pela consciência do tempo em que vivia, seja pelas estratégias de sobrevivência, capacidade de mimetismo e improviso, bem como por sua mobilidade social e geográfica, desenvolvida graças às suas atividades econômicas e sua capacidade de estabelecer vínculos dentro de seus grupos religiosos e fora deles. Os documentos dos Tribunais da Inquisição da Monarquia portuguesa e espanhola serão primordialmente a janela pela qual observaremos a invenção, as concepções e realizações destas personagens modernas.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Métriques

Chargements des métriques ...

Bibliographies de l'auteur

Ana Hutz, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Professora do Departamento de História da PUC-SP e do Programa de Pós-graduação em História da PUC-SP e membro do Finisterra Lab/USP.

Marcos Antonio Lopes Veiga, Universidade de São Paulo

Doutor em História Social DH FFLCH/USP e membro do Finisterra Lab/USP e do GEHIM/USP.

Références

BAER, Y. Historia de los judíos en la España Cristiana. Madrid: Riopiedras, 1998.

BAROJA, J. C. Los judíos en la España Moderna y Contemporánea. vol I, Madrid: Istmo, 2000.

BARON, S. W. A social and religious history of the Jews, vol I. New York: Columbia University Press, 1952.

BELINCHÓN, B. L. Honra, libertad y hacienda: hombres de negocios y judíossefardíes. Alcalá de Henares, Espanha: Instituto Internacional de Estudios Sefardíes y Andalusíes, Universidad de Alcalá, 2001.

BLANCHOT, M. A conversa infinita. São Paulo: Escuta, 2001.

BLUMENKRANZ, B. Juifs et Chrétiensdansle Monde Ocidental.Paris: Mouton, 1960.

BOYARIN, J. The Unconverted Self. Jews, Indians and the Identity of Christian Europe. Chicago: Chicago University Press, 2009.

BRAUDEL, F. O mediterrâneo e o mundo mediterrâneo na época de Filipe II. Publicações Dom Quixote: Lisboa 1995.

COSTA, A. C. da. Corografía portugueza e descripçam topografica do famoso reyno de Portugal, com as noticias das fundações das cidades, villas, & lugares, que contem, varões illustres, genealogias das familias nobres, fundações de conventos catalogos dos bispos, antiguidades, maravilhas da natureza, edificios, & outras curiosas observaçoens. 3 vols. Braga: D. Gonçalves Gouvea, 1868.

CURTIN, P. D. Cross-cultural trade in world history. Cambridge Cambridgeshire; New York: Cambridge University Press, 1984.

DI CESARE, D. Marranos. O outro do outro. Belo Horizonte: Ayine, 2021.

ENCICLOPÉDIA YIVO. VERBETE “ASCHKENAZ”. Disponível em: https://https://yivoencyclopedia.org/article.aspx/Ashkenaz. Acesso em: 25/04/2023

FITZ, F. G. La Reconquista: un estado de la cuestión. Clio & Crimen, n. 6, 2009, p. 142-215.

GITLITZ, D. M. Secrecy and deceit: the religion of the crypto-Jews. Philadelphia: Jewish Publication Society, 1996.

GOMES, M. S. C. Introdução. In: FERREIRA, J. de A. (dir.). Estatuto Jurídico de Judeus e Mouros na Idade Média Portuguesa. Luzes e sobras na convivência entre as três religiões. Lisboa: UCE, 2006.

GRAIZBORD, D. L. Souls in Dispute. Converso identities in Iberia and the Jewish Diaspora (1580-1700). Pennsylvania: Pennsylvania University Press, 2004.

GREIF, A. Institutions and the path to the modern economy: lessons from medieval trade. Cambridge; New York: Cambridge University Press, 2006.

HERZOG, T. Vecinos y Extranjeros. Hacerse español en la Edad Moderna. Madrid: Alianza Editorial, 2003.

HUTZ, A. Homens de Nação e de Negócio: redes comerciais no Mundo Ibérico - (1580-1640). Intermeios São Paulo: 2017.

IOGNA-PRATT, D. “Pode-se falar em antissemitismo medieval?” SIGNUM, no 4, 2002.

KAPLAN, Y. Judíos nuevos en Amsterdam: estudios sobre la historia social e intelectual del judaísmo sefardí en el siglo XVII. Barcelona: Gedisa, 1996.

MELAMMED, R. L. A Question of Identity: Iberian Conversos in Historical Perspective. University Press Scholarship Online, 2004.

MORENO, H. B. Movimentos sociais antijudaicos no século XV. In: Marginalidade e Conflitos Sociais em Portugal nos séculos XIV e XV. Lisboa: Presença, 1985.

MORENO, L. G. Historia de España Visigoda. Madrid: Cátedra, 1990.

NOVINSKY, A. Cristãos-Novos na Bahia (1624-1654). São Paulo: Perspectiva, 1972.

OBRADÓ, M. del P. R. Judeoconversos e Inquisición. In: SORIA, J. M. N. (dir.). Orígenes de la Monarquía Hispánica Propaganda y Legitimación (1400-1520). Madrid: Ed. Dykinson, 1999.

ÓNEGA, J. R. Los Judíos en el Reino de Galicia. Madrid: Ed. Nacional, 1999.

ORLANDIS, J. Una politica ineficaz. In: MORENO, L. G. Historia de la España Visigótica. Madrid: Gredós, 1977.

ORTIZ, A. D. Los judeoconversos en España y América. Madrid: ISTMO, 1988.

ORTIZ, A. D. Los orígenes de la Inquisición. Revista de la Inquisición. Madrid: Universidad Complutense de Madrid, 1999.

RUBIO, M. G. A. Los Judíos en Galicia (1044-1492). Santiago: Instituto de Estudios Gallegos Padre Sarmiento/CSIC, 2006.

RUBIO, M. G. A. Os Xudeus na Galicia. Santiago: Lóstrego, 2004.

SALOMA, M. F. Ríos. La reconquista en la historiografía hispana: revisión y deconstrucción de un mito identitario (s. XVI-XIX). Tese de Doutoramento. Madrid: Universidad Complutense de Madrid, 2007.

SALOMON, H. P.; SASSOON, I. S. D. Introduction. In: SARAIVA, A. J. The Marrano Factory. Londres: Brill, 2001.

SARAIVA, M. de S. Metamorfoses da Cidade Medieval. A coexistência entre a sinagoga e catedral de Viseu. MEDIEVALISTA, n.11, 2012. Disponível em: https://journals.openedition.org/medievalista/793. Acesso: 26/04/2023.

SCHAMA, S. A História dos Judeus. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

SCHMITT, J. C. Dicionário Temático do Ocidente Medieval, vol I. Bauru: Edusc, 2006.

SCHWARTZ, S. B. Cada um na sua lei: tolerância religiosa e salvação no mundo atlântico ibérico. São Paulo/Bauru: Companhia das Letras /Edusc, 2009.

SCHWARTZ, S. B. Prata, açúcar e escravos: de como o império restaurou Portugal. Tempo. v. 12, n. 24, 2008, p. 201-223.

SOUZA, L. de M. e. “Idade Média e Época Moderna: fronteiras e problemas.” Signum. Revista da ABREM, n. 7, p. 223-248, 2005.

TAVARES, M. J. P. F. Os judeus em Portugal no século XV. 2 vols. Lisboa: Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, 1982.

TRIVELLATO, F. The familiarity of strangers: the Sephardic diaspora, Livorno, and cross-cultural trade in the early modern period. New Haven, CT: Yale University Press, 2009.

TYERMAN, C. Pequena História das Cruzadas. Lisboa: Tinta da China, 2008.

VAINFAS, R. Jerusalém Colonial. Judeus Portugueses no Brasil Holandês. Rio de Janeiro: Civ. Brasileira, 2010.

VALLADARES, R. A Independência de Portugal. Guerra e Restauração. Lisboa: Esfera dos Livros, 2006.

VEIGA, M. A. L. Configuraciones familiares judeoconversas gallegas y portuguesas: la Inquisición como configuradora de las relaciones de solidaridad y poder en los espacios comunes y privados (siglos XVI y XVII). In: MESA, E. S.; DÍAZ, A. J. R. (orgs.). Los judeoconversos en el mundo ibérico. Córdoba: Servicio de Publicaciones - Universidad de Córdoba - UCO, 2019, v. 1, p. 501-508.

VEIGA, M. A. L. A Inquisição e o Labirinto Marrano. Cultura, Poder e Repressão na Galiza (sécs. XVI e XVII). Dissertação (Mestrado em História) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.

VIVES, J. V. (ed.). Concilios Visigóticos Hispano-Romanos - Vols. 1, 3 e 4. Madrid CSIC, 1963.

WACHTEL, N. A Fé da Lembrança. Labirintos Marranos. Lisboa, Editorial Caminho, 2003.

YONATAN, O. T. Sêder há Olám Zuta. Hebrew lenguage academy. Sefarad, Tsarfat e Ashkenaz, quem são? Disponìvel em: https://hebrew-academy.org.il/2016/01/06/%D7%A1%D7%A4%D7%A8%D7%93-%D7%A6%D7%A8%D7%A4%D7%AA-%D7%95%D7%90%D7%A9%D7%9B%D7%A0%D7%96-%D7%9E%D7%99-%D7%94%D7%9F/. Acesso em: 25 abr.2023.

Téléchargements

Publiée

2024-08-23

Comment citer

Hutz, A., & Veiga, M. A. L. (2024). A identidade cristã-nova: Apontamentos para uma tipologia crítica. Projeto História : Revista Do Programa De Estudos Pós-Graduados De História, 80, 80–107. https://doi.org/10.23925/2176-2767.2024v80p80-107