Um comparativo entre a política de energia renovável no Brasil e na China

Autores

  • Michel Augusto Santana da Paixão Programa de Pós Graduação em Economia Aplicada do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - ESALQ/USP
  • Sílvia Helena Galvão de Miranda Professora doutora do departamento de economia, administração e sociologia da ESALQ/USP

Palavras-chave:

Energia renovável, política energética, Gases do Efeito Estufa (GEE), matriz energética, Brasil, China

Resumo

Na busca de um crescimento econômico sustentável, é necessária uma oferta de energia crescente que garanta a produção industrial e o bem-estar da população. Na atualidade, reconhece-se que a energia deva vir preferencialmente de fontes menos poluentes, com baixa emissão de Gases do Efeito Estufa (GEE). Brasil e China são duas grandes economias que enfrentam desafios semelhantes para alcançar o desenvolvimento sustentável e, portanto, no campo da oferta energética. Este artigo visa apresentar um comparativo entre as políticas de promoção da oferta e do uso de energias renováveis dos dois países, buscando identificar sinergias, distinções e experiências que funcionem para países de desafios continentais. O Brasil possui um longo histórico nesse segmento, destacadamente desde a década de 70, com uma matriz energética bem diversificada, com alta participação de energias renováveis e até elevado grau de concentração em algumas das fontes. O papel de programas governamentais de incentivo, como o Proalcool e o Proinfa, é evidente. No Brasil, contudo, a oferta energética total, incluindo a renovável, não está condizente com a demanda projetada para os próximos anos, caso o País retome um padrão de crescimento razoável. Por outro lado, a China, nos últimos anos, registrou um crescimento industrial e econômico bastante significativo, tornando-se a primeira no ranking das emissões de GEE. Esse status levou esse país à recente adoção de políticas de promoção de fontes renováveis, tal como a Lei dos Renováveis de 2006. A comparação da política energética dos dois países aponta que, em detrimento da experiência antiga do Brasil em uso de fontes renováveis em larga escala, a recente política de promoção de renováveis chinesa tem mostrado resultados que superam aqueles alcançados pelo Brasil. Dentre estes, destaca-se que a China ultrapassou o Brasil em produção de energia de fontes renováveis no conjunto das diversas fontes, embora ainda seja superado pelo Brasil na produção de etanol. Atribui-se essa performance, além de à Lei dos Renováveis, a presença de uma política industrial bem-sucedida, capaz de prover equipamentos para a construção desses empreendimentos para oferta de energia renovável.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Metrics

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Michel Augusto Santana da Paixão, Programa de Pós Graduação em Economia Aplicada do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" - ESALQ/USP

Graduado em economia pela UNESP, e Mestre em economia aplicada pelo Programa de Pós Graduação em Economia Aplicada do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – ESALQ/USP. Atualmente é doutor em economia aplicada pela mesma instituição.

Sílvia Helena Galvão de Miranda, Professora doutora do departamento de economia, administração e sociologia da ESALQ/USP

Graduada em Engenharia Agronômica pela Universidade de São Paulo (1990), com mestrado (1997) e doutorado (2001) em Ciências (Economia Aplicada) pela ESALQ- Universidade de São Paulo. Pós-doutorado na Pennsylvania State University, Estados Unidos (2010). Atualmente, professora associada da ESALQ- Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Agronegócio e Economia Internacional, atuando principalmente nos seguintes temas: economia e comércio internacional, barreiras sanitárias e técnicas ao comércio, comércio e meio ambiente e avaliação de impacto regulatório e de políticas de defesa sanitária.

Referências

Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais – ABIOVE. Disponível em < http://www.abiove.org.br/site/index.php?page=estatistica&area=NC0yLTE= > Acesso em: 17 de abr. de 2016.

BAER, W. The Brazilian Economy Growth & Development. Colorado: Lynne Rienner Publisher, Inc, 2014. 469 p.

BRASIL. Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI. Disponível em:< http://www.abdi.com.br/Paginas/politica_industrial.aspx >. Acesso em: 25 abr. 2016.

BRASIL. Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI. Dez anos de política Industrial: balanço e perspectivas. Disponível em:< http://www.abdi.com.br/Estudo/Artigos%20ABDI%20-%20Externo%2024042015.pdf >. Acesso em: 5 mai. 2016.

BRASIL. Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Aprovado valor do custeio do Proinfa para 2016. Disponível em:< http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/noticias/Output_Noticias.cfm?Identidade=9009&id_area= >. Acesso em: 17 abr. 2016.

BRASIL. Ministério de Minas e Energia – Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético – Empresa de Pesquisa Energética. Plano Nacional de Energia 2023. Brasília, 2014. 434 p.

BRASIL. Ministério de Minas e Energia – Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético – Departamento de Desenvolvimento Energético. Relatório do Grupo de Trabalho de Geração Distribuída com Sistemas Fotovoltaicos – GT – GDSF. Brasília, 2008. 93 p.

BRASIL. Portal Brasil – Aumento do biodiesel no diesel ajudará Brasil a cumprir metas ambientais, afirma Dilma. Disponível em:< http://www.brasil.gov.br/governo/2016/03/aumento-do-biodiesel-no-diesel-ajudara-brasil-a-cumprir-metas-ambientais-afirma-dilma >. Acesso em: 17 abr. 2016.

BRASIL. Plano Brasil Maior – Inovar para competir. Competir para crescer. Plano 2011/2014. 2011. Disponível em:< http://www.brasilmaior.mdic.gov.br/wp-content/uploads/2011/11/plano_brasil_maior_texto_de_referencia_rev_out11.pdf >. Acesso em: 27 abr. 2016.

China. U. S. ENERGY INFORMATION ADMINISTRATION. Washington, DC, 14 mai. 2015. Disponível em: < https://www.eia.gov/beta/international/analysis_includes/countries_long/China/china.pdf > Acesso em: 18 jan. 2016.

DELGADO I. G. Política Industrial na China, na Índia e no Brasil: Legados, Dilemas de coordenação e Perspectivas. Brasília: Instituto de Pesquisas Econômicas Avançadas (IPEA), 2015, 72 p. (Texto para Discussão).

ELÉTROBRAS. Programas: Proinfa. Disponível em: < http://www.eletrobras.com/elb/data/Pages/LUMISABB61D26ITEMID4CD80A9D8141489CAE9A9A81D0E177E0PTBRIE.htm >. Acesso em: 17 jan. 2016.

FANG, Y. Economic welfare impacts from renewable energy consumption: The China experience. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 15 p. 5120-5128, 2011.

FAPESP, ACADEMIA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS, INTERACADEMY COUNCIL. Um futuro com energia sustentável: Iluminando o caminho. Tradução de BORBA, M.C.V.; GASPAR, N.F. São Paulo, 2010. 300 p. Disponível em: < http://www.bv.fapesp.br/en/publicacao-fapesp/8278/futuro-energia-sustentavel-iluminando/ >. Acesso em: 16 jan. 2016.

GUERRIERO, I. R. A Recente Política Industrial Brasileira: Política de Desenvolvimento Produtivo e Plano Brasil Maior. In: XVII Encontro Nacional de Economia Política, 2012, Rio de Janeiro. Anais do XVII Encontro Nacional de Economia Política, 2012.

INTERNATIONAL RENEWABLE ENERGY AGENCY. Remap 2030: A Renewable Energy Roadmap. Abu Dhabi: IRENA, 2014. 104 p.

INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Diagnóstico e desempenho recente da Política de Desenvolvimento Produtivo. In: Brasil em desenvolvimento: Estado, planejamento e políticas públicas. IPEA, 2009. 225-259 p.

LA ROVERE, E.L. (Coord.). Projeto “A Carta do Sol”: subsídios para o planejamento da promoção da energia solar fotovoltaica no Brasil. Disponível em: < http://www.lima.coppe.ufrj.br/includes/pages/projetos/cartadosol/Relatorio%20Tecnico%20para%20a%20Carta%20do%20Sol.pdf >. Acesso em: 16 jan. 2016.

LIN, C. Industry policies and structural change in China, 1979-2000. National Policy Foundation. NPF Research Report, jun 8. 2001.

LO K. A critical review of China’s rapidly developing renewable energy and energy efficiency policies. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 29, p. 508-516, 2014.

MASIERO, G.; COELHO, D. B. A política industrial chinesa como determinante de sua estratégia going global. Revista de Economia Política, v. 34, p. 139-157, 2014.

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica. Disponível em:< http://www.mme.gov.br/programas/proinfa/ >. Acesso em: 17 jan. 2016.

MORETTO, E., M.; GOMES, C. S.; ROQUETTI, D., R.; JORDÃO, C. DE O. Histórico, Tendências e Perspectivas no Planejamento Espacial de Usinas Hidrelétricas Brasileiras: a antiga e atual fronteira Amazônica. Ambiente & Sociedade, v. 15, n.3, p. 141-164, 2012.

O VALOR ECONÔMICO. Lula editou MP que adia multa a programa atrasado. São Paulo, 04 jan. 2011. Disponível em: < http://www.valor.com.br/arquivo/865717/lula-editou-mp-que-adia-multa-programa-atrasado >. Acesso em: 20 jan. 2016.

PRASAD, E. China’s growth and integration to world economy. Occasional Paper, nº 232, IMF, 2004.

PEREIRA, E.B.; MARTINS, F.R.; ABREU, S.L. de; RÜTHER, R. Atlas Brasileiro de Energia Solar. São José dos Campos: Ministério de Ciência e Tecnologia, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos, Divisão de Clima e Meio Ambiente, 2006. 64 p.

RENEWABLE ENERGY POLICY NETWORK FOR THE 21st CENTURY. Renewables 2015: Global Status Report. Paris: REN21 Secretariat, 2015. 251 p.

REVISTA PÁGINA 22. Um gigante com pés de carvão. < http://www.pagina22.com.br/2015/02/02/um-gigante-com-pes-de-carvao/ > Acesso em: 20 jan. 2016.

RODRIGUES, R. A.; ACCARINI, J. Brazil’s Biodiesel Program. Ministry of External Relations, Government of Brazil. Disponível em: < http://www. dc. mre. gov. br/imagens-e-textos/Biocombustiveis-09ingprogramabrasileirobiodiesel. pdf >. Acesso em: 20 abr. 2016. 2009.

SCHUMAN S.; LIN A. China’s Renewable Energy Law and its impact on renewable power in China: progress, challenges and recommendations for improving implementation. Energy Policy, v. 51, p. 89-109, 2012.

WANG Z.; QIN H.; LEWIS JI. China’s wind power industry: policy support, technological achievements, and emerging challenges. Energy Policy, v. 51, p. 80-88, 2012.

ZHAO X.; WANG J.; LIU X.; LIU P. China’s wind, biomass and solar power generation: what the situation tells us?. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 16, n.6, p. 173-182, 2012.

Downloads

Publicado

2018-07-11

Como Citar

Santana da Paixão, M. A., & Galvão de Miranda, S. H. (2018). Um comparativo entre a política de energia renovável no Brasil e na China. Pesquisa &Amp; Debate Revista Do Programa De Estudos Pós-Graduados Em Economia Política, 29(1(53). Recuperado de https://revistas-anterior.pucsp.br/index.php/rpe/article/view/33934

Edição

Seção

Artigos