HIBRIDEZ E CIRCULARIDADE CULTURAL NA CONFIGURACÄO DE UMA CURANDEIRA

O CASO DE SÁ MARIINHA DAS TRÉS PONTES

Abstract

O presente artigo tem como objetivo estudar o caso de Sá Mariinha das Três Pontes. Curandeira e vidente, morta em 1959, Sá Mariinha tornou-se um fenômeno devocional na cidade de Cunha, no Vale do Paraíba, interior de São Paulo. O estudo deste caso permitiu- nos organizar uma interpretação das relações simbólicas e o futuro desta religiosidade, no contexto sociocultural do Município de Cunha. Procuramos refletir sobre como aquela população, ligada a um catolicismo popular, consegue articular seu campo simb61ico, fazendo apenas as concessões necessárias para a sobrevivência de sua cultura. Concluímos que o grau de aceitação da curandeira se estendeu na proporção das relações culturais que ela estabeleceu, não somente com mundo do imaginário religioso, mas também com o das relações de poder existentes no Município de Cunha. Muitas vezes as duas formas de poder caminhavam de mãos dadas dentro de uma mesma personagem ou instituição. Maria Guedes é o nome da personagem central deste trabalho. Nascida a 18 de junho de 1882, era filha de Benedito Guedes dos Santos e Francisca Maria da Conceição. Com treze anos sua família se estabelece no Bairro das Três Pontes, região do bairro do Jacuí. É aí que começa sua história como importante personagem dentro do contexto da religiosidade popular do atual município de Cunha.